não tenho nada a dizer
não quero dizer
rigorosa mente
nada
escrevo como resultado de um colapso
raciocino em pequeno
lembro coisas ínfimas
descabidas numa frase
não existo
escavo em busca de mim
no barro
detida na paixão nascente
da desistência dos outros
espero
corta
insisto numa página
branca
minto
sépia
corta
tenho um centro
onde o redopio da chuva secorta
tenho um centro
converte no chuveiro dos dias cinzentos
o ritmo da chuva
ácida
ácida
recorda os dias de chuva por dentro
lá fora
uma parede em trânsito
o quarto fechado
as águas furtadas a chuva
de novo a chuva
bate
nos vidros
onde se situa o centro
a desordem
insisto na escrita
tento
corta
escondo o raciocínio pequeno
sobre coisas pequenas
ínfimas
as minhas mãoscoladas às paredes
sulcadas de palavras
que aparecem e desaparecem em luz
elas e eu
na trajectória oblíquaem direcção ao silêncio
no interior do silêncio desenhadas em cada livro
qualquer livro
lembro
esqueço
vivo
espero
ao encontro do a manh'ser dos dias atrasados
meu amor
-nicoletta tomas.