omen sore



-Revista Litterarius.


ao som dos "Omen Sore" dos "Era" ,reencontro ,ao virar a esquina ,Jorge Listopad ,Vergílio Ferreira e Inês Pedrosa e peço.lhes emprestadas as palavras.....

baixo o volume
as ideias e os sons atropelam.se
imagino.os brincando uns com os outros e escrevo em jeito de iniciação que o dia nasceu toldado de cinzento ,como os políticos .não há uma aragem no ar frio .qualquer coisa se anuncia e as árvores do quintal sabem.no .quietas .perfiladas ,aguardam .eu mesma me imobilizo ,como elas ,em expectativa .há um escuro que vem do lado do mar .é urgente mudar a cor do arco.íris sob pena de confundirmos o passo e o compasso .a realidade e a utopia
arrefece
elevo o som
páro e escuto
será que ainda me apetece resistir?
as árvores respondem.me em silêncio...
a música ,retoma ,de novo ,o lugar da palavra
as ideias atropelam.se
redimo a nobre arte e volto a perguntar o que dizer de um escritor ,dum pensador ,duma mulher ou de um homem que odeiam ser apenas mais um entre os demais? eventualmente ,serão grandes depois de mortos(as) ,se seguidos(as) de canonização ,em caso de manifesta esquizofrenia .mesmo assim ,é necessário que deixem obra .deixá.la ,porém ,é obra!... é por isso que pessoas como Natália Correia ,Fernando Assis Pacheco e/ou José Carlos Ary dos Santos não poderiam ser em vida o que foram depois de mortos ."glória para um lado ,boémia ,idealismos e decilitros para outro .de preferência com a morte a separá.los" .meu pobre e provinciano país que só se reclina ao medíocre e ao pedante
que bom não ter nada
absolutamente nada
vestirmo.nos de música e calçarmo.nos de ideias
face à realidade ,volto a questionar.me porque há.de ser sempre assim
acaso não há vislumbre de mudança?
claro que há .por isso teimo .teimamos ,nós ,os resistentes
nesta aleivosia que dizem conduzir.nos a nenhures .há uma inquietação e um profundo mal estar que nos embala ao ritmo lento da terra
elevo o som da música
retiro os auscultadores
o silêncio ,neste momento ,não faz sentido
oiço "Divano" e
deixo.me envolver nos sons ,banhada numa alegria íntima ,sem reconhecer a razão de estar alegre
será a atracção pelo abismo ,a certeza absoluta de não domínio o que ora me inquieta ,ora me fascina?
antes de sair do "windows" e encerrar o computador ,reencontro ,também ,Honegger que ,em surdina ,me afirma -"se é bem verdade que tudo pode abandonar.nos e desaparecer ,porque há um princípio e um fim ,não é menos verdade que a nobre arte de bem governar apesar de todas as vicissitudes e incoerências ,permanecerá para além da mísera ficção de cada um de nós"
torna.se cada vez mais escuro o cinzento deste lado do mar
urge alterar as cores do arco.íris
(pre)anuncia.se