Entrevista ao jornal "Terra Ruiva"*

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Um dia ofereceram-lhe um lápis. E nunca mais parou. Nem parou de escrever, nem parou de transgredir - com todo o orgulho.
Gabriela Rocha Martins, há muito colaboradora no Terra Ruiva, diretora da Casa-Museu João de Deus, em Messines, tem um longo e singular percurso como investigadora, escritora e poetisa.
No final de 2011, alguns dos seus poemas foram escolhidos para integrar a IV Antologia de Poetas Lusófonos, numa edição da Folheto & Design.
Foi este o pretexto para o Terra Ruiva lançar meia dúzia de questões, sobre os projetos e os segredos desta silvense. As respostas foram dadas pela autora, por escrito, segundo o seu estilo particular.



TR - Fale-nos um pouco desta antologia que incluirá os seus poemas. Como surgiu esta oportunidade/convite?

grm - esta Antologia ,como o seu coordenador-editor ,Adélio Amaro ,muito bem define no Prefácio ,é “ a continuação do encontro entre diversos poetas de variados e longínquos países, onde a distância é apenas terrena. É a união da Língua que consegue galopar todas as barreiras. É a Lusofonia Poética que Cecília Meireles defendia como “um espaço para publicação de música e de poesia de poetas da Língua Portuguesa”. É o encontro do mesmo idioma, mas de cores variadas”.
o convite partiu do Adélio Amaro que editou o meu primeiro livro de poesia “.delete.me.” .como ,segundo parece ,gosta da minha forma de vagamundear pelas e com as palavras ,convidou.me para ,em 2007 ,integrar a I Antologia de Poetas Lusófonos .destarte e porque era um desafio aliciante ,aceitei ,e ,voltei a fazê.lo este ano ,porque quem sabe? esta é uma Antologia que até pode ser a Última flor do Lácio, como Olavo Bilac defendia...

TR - Foi a Gabriela que escolheu os poemas? Quem os selecionou?

grm - os poemas com que resolvi participar nesta Antologia ,foram seleccionados por mim ,mas ,quando os enviei ,não sabia se seriam todos publicados ,porque estavam sujeitos à apreciação ,prévia ,de uma comissão de avaliação.

TR - Quantos poemas serão publicados?

grm - são quatro os poemas seleccionados e publicados - “o silêncio é de ouro” ( 14 de janeiro de 2011 ); “retratos de uma cidade” ( 25 de janeiro de 2011 ) ; “às vezes sou um sim ,às vezes não” ( 8 de fevereiro de 2011 ) e “sem explicação aparente” ( 29 de março 2011).

TR - Quantos autores estão incluídos?

grm - nesta Antologia ,encontram.se publicados poemas de 140 autores.

TR - Penso que não é a primeira vez que os seus poemas são publicados em antologias. Já houve outras publicações?

grm - e pensa muito bem! de facto ,desde 2003 tenho poemas editados ( em Portugal e em Espanha ) no Ciberespaço ,em Revistas Literárias ,Colectâneas e em outras Antologias ,a saber:
2003, O Fulgor da Língua e o Estado do Mundo – ciberpoema , integrado em Coimbra Capital da Cultura;
2006, Inquietação e Poiesis XIV ,ed. Minerva;
2007, Poiesis XV ,ed. Minerva ;I Antologia de Poetas Lusófonos e Revista Litterarius , ed. Folheto & Design, Lda;
2009, Os Dias do Amor ,ed. Ministério dos Livros ;Revista Oficina da Poesia ,nº 12 ( Universidade de Coimbra ), ed. Palimage , e ,Entre o Sono e o Sonho ,II Vol. ,Chiado Editora;
2009//2010, Diálogos com a Ciência ( Universidade do Porto );
2010, SULscrito ,nº 3 , ed. 4Águas e Cuadernos Telira ,nº 13 , ed. Caja de Burgos;
2011, Se Lo Dije A La Noche - Poesia - Juan Carlos Garcia Hoyuelos ,( Burgos ) e IV Antologia de Poetas Lusófonos , ed. Folheto & Design, Lda;
2012, Antologia de Homenagem a Amato Lusitano ,Câmara Municipal de Castelo Branco ( no prelo ) e Antologia "Um Poema para Albano Martins", Ed. Labirinto ( no prelo ).

TR - Além da poesia, escreve outro tipo de textos? Quais e onde?
       - Está a trabalhar nalgum projecto actualmente?

grm - sim sim! muito embora entre a poesia e mim haja uma ligação uterina fortíssima que vem de há muito ,todavia ,com alguns interregnos ,mormente ,nas décadas de 80 e 90 do séc. passado ,onde a investigação me ocupou ,exclusivamente ,com trabalhos que vieram a ser mencionados ,na época ,por alguns autores ,académicos e estudiosos ,gosto de ousar.me na poesia visual ,na prosa poética e no conto ,e ,faço.o ,em revistas ,como foi o caso do “Letras e Letras” ,onde cheguei a ser correspondente redactorial ,na década de 80 do séc. XX ,como representante ,no Algarve ,da Fundação Natália Correia ,e ,como responsável pela edição da Revista Litterarius ,onde pautam alguns textos da minha autoria .hoje ,aceito participar em projectos a quatro mãos e aventuro.me em “textos rasurados” ,ao sabor do momento ,como é o caso da minha colaboração mensal no Terra Ruiva .a blogosfera ,porém ,é o meu domínio preferido ,e ,respondendo à sua pergunta se ,actualmente ,me encontro a trabalhar nalgum projecto, digo.lhe que sim que me encontro ,qual crisálida ,numa fase de amadurecimento e selecção da minha obra – ensaio ,lírica e prosa poética - a fim de publicá.la on-line ( ebooks ) ,começando por essa arte nobilíssima a que chamamos POESIA .o imenso respeito que a mesma me suscita tem.me levado a experiências diversas ,cujos resultados têm sido bem honrosos ,mormente ,com a escolha, por exemplo ,do meu livro .delete.me. para tese de um doutoramento.

TR - Quando começou a escrever? E como descreveria a sua relação com o ato de escrever?

grm - comecei a escrever quando ,um dia ,já bem distante ,me ofereceram um lápis e com ele apontei a lua .disseram.me que era feio apontar .então ,qual transgressora nata ,tracei uma linha entre as duas e comecei ,diariamente ,a preenchê.la com palavras e palavras e mais palavras ,até criar aquela ligação uterina de que lhe falei ……
descrever a minha relação com o acto de escrita? minha querida amiga ,um acto de amor ,pratica.se ,não se descreve .satisfá.la a resposta? sei que não ,mas dos vagamundos não se rezam histórias……

………..e ,à laia de fim de entrevista ,permita.me que ,de forma sucinta ,mencione outras escritas:

1.PUBLICAÇÕES:
- “Notícia Informativa sobre a Cidade de Silves. Subsídios para a sua História”, brochura publicada pela Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Silves.
- “Silves Histórica”, artigo publicado na Revista Tribuna do Algarve.
- “Notícia Histórica sobre a Sé de Silves. Do Cartório Quinhentista ao Actual Arquivo Paroquial”. Congresso do Algarve.
- “O Pelourinho de Silves”, com prefácio do Académico Prof. José António Pinheiro e Rosa. Congresso do Algarve.
- “A Imprensa no Concelho de Silves. 110 anos de Actividades Jornalísticas”. Congresso do Algarve.
- “A Antiga Toponímia de Silves. Co-relação com os Actuais Topónimos”. Congresso do Algarve.
- “A Presença dos Judeus no Algarve”, artigo publicado na Revista “Correio do Algarve”.
- “1189-1989. Comemorações Centenárias da Conquista de Silves”, artigo publicado na Revista “Tribuna do Algarve”.
- “O Castelo de Silves” palestra apresentada em Silves e publicada no Boletim da Junta Directiva da APAC.
- “Algumas Achegas para o Levantamento dos Usos e Costumes de Silves. Suas Tradições” – alguns Capítulos encontram-se publicados nos Livros de Actas dos Congressos do Algarve.
- “Breve Síntese Histórica sobre a Cidade de Silves. Estudo Cronológico”, artigo publicado no jornal ALFANGE.
- Colaboração no artigo “Sun, Sea and History; Portugal,s Algarve”, de Geoffrey Moorhouse, publicado no “Traveler National Geographic”, vol II, number 4, Winter 1985/86.
- “O Teatro Gregório Mascarenhas”, artigo publicado no nº 3 da Revista “O Mirante”, Dezembro de 1991.
- “O Actual Edifício dos Paços do Concelho de Silves”, artigo publicado no nº 4 da Revista “O Mirante”, Março de 1992.
- “Casa-Museu João de Deus; O Homem, O Cidadão, o Poeta ou um Processo de Memória e Morte”, artigo publicado no nº 6 da Revista “O Mirante”, Março/Junho de 1993.
- “Algumas Considerações muito inoportunas… sobre Democracia e Solidariedade”, idem.
- “Silves…Uma Viagem ao Passado”, artigo publicado na Revista Algarve/Andalucia, nº 3, Outubro de 1998.
- “Casa Museu João de Deus”, artigo publicado na Revista Algarve/Andalucia, nº 5, Janeiro/Fevereiro de 1999.
- “Casa Museu João de Deus. O Futuro construído em Memória”. Congresso do Algarve.
- “A Ludoteca. Casa Museu João de Deus”. 4ª Conferência Nacional sobre Ludotecas. Oeiras, Maio de 2001.
- ”João de Deus ,Trajectos - Do Grés à Arte da Escrita” – coordenação geral, Março de 2010.

2.TRABALHOS MEUS CITADOS EM OBRAS DE OUTROS AUTORES
- O Pelourinho de Silves, sua classificação e possível datação, in “Levantamento Arqueológico-Bibliográfico do Algarve”, de Mário e Rosa Varela Gomes, Ed. Secretaria de Estado da Cultura, Faro, 1988.
- Levantamento dos Usos e Costumes de Silves. Suas Tradições, in “Guia da Cidade de Silves”, de Manuel Castelo Ramos e António Baeta de Oliveira, 1997.
- Algarviana, in “O ALGARVE. Da Antiguidade aos nossos dias: elementos para a sua história”, coordenação de Maria da Graça Maia Marques, Ed. Colibri, Lisboa, Abril de 1999.
- Notícia Histórico-Informativa sobre a Cidade de Silves, in “Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês. Exposição Permanente. Estudos. Catálogo”, coordenação de Jorge Custódio e Manuel Ramos, Ed. Fábrica do Inglês, S.A.., Silves, 1999
- Levantamento dos Usos e Costumes de Silves. Suas Tradições, in “Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês. Exposição Permanente. Estudos. Catálogo”, coordenação de Jorge Custódio e Manuel Castelo Ramos, Ed. Fábrica do Inglês, S.A.., Silves, 1999



*( entrevista concedida no dia 9 de janeiro de 2012 ,ao jornal Terra Ruiva ).
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'cartão' de Boas Festas.




1.

ponho a minha mão
direita, paralela
à mão direita encurvada e
meio aberta
encadeada com todas as mãos puras dos mundos.
ponho a minha mão, agora.
vão, irmanadas com ela,
pétalas rosa que já foram pão
algas roxas azuladas penas anis
caules gotículas areias grãos e asas
sustidas por duas brasas frementes
que são o que serão.
ponho aqui a minha mão
lavada
dos lodos inclementes
limpa
de acenos frouxos acordos ocos
livre
limpa lavada livre: a mão
junto-a aqui, ponho-a agora,
concentrada. meio aberta
concertada com veios e meridianos
os mais puros liames dos mundos.
ponho aqui agora a minha mão
cautelosa na fragilidade dos elementos
caudalosa na suavidade dos impulsos
vibrátil poderosa intensa e ágil
concentrada, agora, no pousar das grandes asas
que é como quem diz: os universos.
pouso, aqui, agora, a minha mão.
aninha-se em silêncio falante.
permanece no instante, ínfima,
caudalosa cautelosa encadeada
no instante vibrátil e fremente pousada.
ponho aqui a minha mão. e alumia.
aqui, invoca sela e abençoa
encadeada no arco da amorosa clemência.
ponho a minha mão
junto da outra mão
direita e esquerda encontradas na vida
minhas mãos de esperança amealhada
juntas às mais puras, aos mundos, estão.
fluir cioso de universos em pétalas e asas
brioso adejar de universos dentro das algas
— salgado, em cada gotinha de mar
doce, em cada lágrima de amar —
ponho minhas mãos aqui, aliviadas
do estrugido de mísseis, metralhadoras
do trilho de apedrejados sangues vertidos
do cisma odioso de roubar a fartura
embuste odioso cisma prestes a estourar.
ponho a minha mão e a outra
confiantes na esperança amealhada
firmadas na passada de canseiras
juntas invocam selam abençoam
e iluminam
o côncavo pulsar da brasa ardente
onde desaguam os puros meridianos dos mundos.
juntas. aninhadas, pois, concertadas
pouso — a minha mão e a outra — sobre o pulsar
do côncavo ardente do meu peito livre.
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2.


ponho a minha mão na acha
entre a brasa e a pinha seca
dentro do tronco de oliveira verde
no caule da branca flor em flor.
integro as sagezas da combustão
irmanada nas fortes cores da fogueira
no fogão na lareira na salamandra
ponho reponho e deponho, com a mão,
a malícia a maldade o servil gesto
o reles olhar, intento ou acto
da submissão.
ponho a mão, a mão esquerda, no fogo
desbordo-me em cera derretida
multiplico-me em estalidos, faúlhas
reparto-me pela constância vibrante
dos amarelos arrepiantes do arder.
também ponho a mão direita até fundir
na merecida fuligem a que pertencem
as dispensáveis fugas e rasteiras.


..............................sabem, estas mãos, o rumo do amarelo
..............................fulgente nos azuis nocturno e solar.



..............................sabem, estas mãos, da rara temperatura
..............................alojada na fusão das puras cinzas
..............................se o pauzinho resiste, impertinente, ao vazio.



ponho ambas as minhas mãos ao alto
tornam-se, elas mesmas, no estalido
que o emperrar da engrenagem supõe.



..............................sabem, estas mãos, como é virtual o fumo
..............................assoberbado pela servidão maléfica.



..............................estas mãos sabem os gestos paralelos
..............................— os da mão esquerda aos da direita —
..............................gestos zeladores da potência do ser.



por tudo isto alinho,
alio as minhas mãos
ao pleno fogo
e, universalmente,
emperramos e detemos o desconsolo.
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3.


ponho a minha mão quente — a inquieta —
juntinho da minha outra mão calada.
uma, a desassossegada, rugindo
instiga a indignação, o movimento.
outra, a raiz da fala graciosa
amestra a pausa de respiração.
ponho aqui, assim, entrelaçadas
as armas magistrais da melodia
as bagas da alegria, salvas e sinos
fogos, sem artifício, do que vive.
entrelaçadamente, assumo as mãos
meus ninhos do fui e serei, pois sou.
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4.


com ponho a minha mão estou a nomear
contornos do impossível e ilimitado
cacho das fibras de vida
expectante.


com ponho a minha mão toco o eterno
ciclo virtuoso dos caminhantes.
por isso ponho agora, aqui
e em todo o sempre
esta mão destinada a ser casulo
a tecer casulos no abrir-se a outras mãos.


com ponho a minha mão, afinal, digo
as sílabas contidas por germinar
os lábios carentes no longo beijo
abraços entremeados a braços
e ombros
no instante da chegada
depondo bagagens alheias
abandonando a estranha carga
no instante do encontro
de olhar, de olhos
transfigurados em abraços longos, doces.


com ponho a minha mão percebo, enfim
que nada digo faço nem invento:
é da natureza intangível dos gestos
amealhar, para habitar, os universos.
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5.


não fossem elas
nunca crescia o trigo
nem o grânulo geraria salsa
flores peixes uvas tâmaras leites.
não fossem, não foram elas
seguiam os continentes por encontrar
a morabeza por se dar
tango flamencos e fado
ainda, mudos, a latejar
saudades no âmago da vida.
não foram elas
não fossem elas
as nossas mãos
agora aqui sofreriam
até
pela ausência do poema.
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6.


de par em par
vidraças
gestos
temores de medo apavorados
escancarar. desligar.
de par em par
ombros
— os ombros —
e tudo o mais que se refaça
está a nascer do solidário abrir das mãos.
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7.


acolho — o esvaziar da mágoa
o desaguar de dores
e perfídia
desencontros entre o veneno e salivas
impurezas no deslaçar do mofo
brancuras a vencer carunchos —
acolho, no pleno abrir de minhas mãos
aos universos dos frementes gestos.
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8.


“não meu, não meu é quanto escrevo”
ensina Pessoa, eternamente.



também minhas não são
estas pungentes
estas mãos que me nascem no poema.
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9.


lanço os búzios salgados
sem segredos
trazidos pelo alto ondear das vagas
deram à costa sul da humanidade
e, orientados pelos interstícios da fala,
rolaram até às minhas mãos de areia em verso.
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10.


tantas quantas inúmeras são?
nem saberia reportar
o misterioso
balanceado a quatro ventos
ancorado à plena rosa
cardeal
dos gestos.
dizes-me: dedo a dedo,
uma dezena.
digo-te: dedo a dedo
infinidade
se às minhas mãos unirmos
as tuas
as tuas as suas e as outras:
puras
todas as mãos dos universos.
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maria toscano.
Coimbra, ‘Galerias Santa Clara’.
31 Dezembro/2011 e 1 Janeiro/2012



um ano é feito de muitas coisas......

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Moita saúde e moita felicidade no ano bisesto ou bissexto 2012

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«Oh... Mar, anô passá tempo corrê»,
di un dos versos desta canción da amada e chorada voz de Cesária Évora.

Así é, o tempo corre e xa se foi este ano once. Malia ser vate, non son quen de facer vaticinios sobre o vindeiro ano, que os gurús da economía agoiran cheos de dificultades. Porén, nós necesitamos a esperanza e a ilusión. Velaí pois os meus desexos de que chegue onda vós unha enorme vaga de mar que vos deixe moita saúde e moita felicidade no ano bisesto ou bissexto 2012.
Inxalá que todas as crebas que apañedes nas costas dos vosos corazóns sexan de proveito.
Bicos e apertas atlánticas.

Miro Villar

O Mar,
Deta quitinho, bô dixam bai
Bô dixam bai spia nha terra
Bô dixam bai salva nha Mãe...

O Mar,
Mar azul, subi mansinho
Lua cheia lumiam caminho
Pam ba nha terra di meu
São Vicente pequinino,
Pam ba braça nha cretcheu.
Oh... Mar, anô passá tempo corrê
Sol raiá, lua sai
A mi ausente na terra longe...
O Mar...

Marazul, canción de CesáriaÉvora. Na primeira versión interpretada pola cantora caboverdiana e na segunda nun dueto con MarisaMonte.





-Miro Villar.
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