o encontro de dois poetas amigos









Victor Oliveira Mateus e Gabriela Rocha Martins ,na tarde de sábado ,dia 14 de Janeiro de 2017 ,
na apresentação do livro da segunda "a crispação de um toque a-fora o Ser" ,ou ,o re.conhecimento da cumplicidade na palavra e no sentir poético




João Carlos Esteves - in facebook






Tive o privilégio de conhecer ontem a autora e fiquei cativado pela pessoa e pela sua escrita. Uma poesia que é um desafio para o leitor e que encerra quantidades imensas de deslumbramento que me suscitam uma avidez incontrolável de ler mais e mais para além do significado plural de cada palavra, verso e estrofe. Um livro que recomendo vivamente mesmo antes de ter concluído a sua leitura.





José Luís Outono - no facebook






NOVO LIVRO DE Gabriela Rocha Martins


Já passaram uns bons anos, desde o nosso conhecimento pessoal.
Foi em Silves, na apresentação do livro «A desilusão de judas» de Antonio Ganhão. Lembro-me de a ter cumprimentado muito classicamente e ter como resposta - Deixa-te de coisas, eu sou a Gabriela, tu és o Zé Luís ... tratamento informal ... OK?

Se a admiração, que já tinha como autora era enorme, naquele momento tudo se transformou. E a amizade cúmplice (como ela testemunha) em conjunto com uma estima e admiração enormes fomentaram um diálogo sempre franco, fraterno e inesquecível.

Estava ansioso, para ter nas mãos, e ler a sua última obra. «a crispação de um toque a-fora o ser ( i ensaio derivante )». Ontem, na Biblioteca Municipal dos Olivais, com sala cheia ( e mais cadeiras existissem ) o inédito da poesia da amiga Gabriela tocou-me. A edição pertence à Lua De Marfim Editora, e a apresentação e prefácio foram de uma outra autora, que igualmente muito admiro - Maria Cantinho. A surpresa da tarde, assume-se quando a Maria João Cantinho revela ter sido aluna da Gabriela. A apresentação deu a conhecer, mais um traço de uma escrita NADA fácil (como a autora afirma ) e desafiadora, como Gabriela Rocha Martins esclareceu - Eu construo as minhas palavras, para o leitor as desconstruir. Permitam-me trazer um pouco do prefácio de Maria João Cantinho:
- " Se uma paixão pudesse dizer-se de Gabriela Rocha Martins, essa seria a da memória. Não só como exercício poético, mas como modo de guardar o canto possível, que atravessa a sua poética, em particular esta obra.
.../...
Nada disto parece ser alheio à poética da autora, que asume referências explícitas e que se enovela com a escrita de Gabriela Llansol. Dela é herdeira, sobretudo no modo como trabalha e opera sobre a linguagem, sem, no entanto, se colar ao seu texto llansoliano."
Não resisto, igualmente a trazer a este recanto um pouco da recensão literária da autoria de Antonio Ganhão (in Acrítico- leituras dispersas) sobre esta obra de Gabriela Rocha Martins.
-" A folha de papel que o acolhe é uma face marcada pela vida. Aí se refugia o poema, numa geometria singular, tão intencional como um cânone, cedendo a uma métrica muito pessoal. Uma ordem imposta sobre um desassossego interior, uma metáfora do próprio processo de escrita, itinerário que desmente o excesso de clausura. A pontuação em dessintonia com o processo formal da escrita, tão presente em Gabriela Rocha Martins. Os pontos finais interrompendo o curso do poema, forçando a mente do leitor a uma pausa de respiração, quase violenta, numa forma de gerar novos significados."
Ouso confessar este episódio. Terminei a leitura do livro cerca das duas da manhã. Ao acordar, já reli algumas páginas que me marcaram, e atrevo-me a dizer...não desistas amiga. Preciso (precisamos) das tuas palavras.
Deixo expresso o convite de leitura!
JLO








Algumas recensões ao livro - António Ganhão in Acrítico









Destece o poema, o canto feito de metáforas a exigir um ouvido treinado; assim é a poesia de Gabriela Rocha Martins. Um entorno poético dotado de uma estética que nos provoca, uma quase ordem de tabuleiro em que os poemas se encontram arrumados, numa forma particular de se dar a ler.
A folha de papel que o acolhe é uma face marcada pela vida. Aí se refugia o poema, numa geometria singular, tão intencional como um cânone, cedendo a uma métrica muito pessoal. Uma ordem imposta sobre um desassossego interior, uma metáfora do próprio processo de escrita, itinerário que desmente o excesso de clausura. A pontuação em dessintonia com o processo formal da escrita, tão presente em Gabriela Rocha Martins. Os pontos finais interrompendo o curso do poema, forçando a mente do leitor a uma pausa de respiração, quase violenta, numa forma de gerar novos significados. …crispação desta outra forma de cindir os versos, como realça Maria João Cantinho no prefácio. E os pontos finais invertidos: .apago-te / .incomodas-me reforçando a imagem de uma ideia que se propaga na mente do leitor como um eco que não se extingue. E os traços unindo as palavras numa escrita-que-dança-sobre-o-papel. Este é o timbre da voz poética de Gabriela Rocha Martins, denúncia do processo de enamoramento como forma de revisitação, um duplicar em nós do outro, uma amálgama de referências em viagem ao interior do templo da nossa voz. Será a homenagem do outro possível?
uma escrita bastarda é isso que sou/ sem rótulos dogmas estilos ou certezas, desmente-se a poeta ou provoca-nos?
gabiNo poema abro a página de uma breve despedida, e no verso: o ventre e a mão que sobre o mesmo dança, encontramos a elegância e o sentido a sobrepor-se à forma. Termina o poema com: e o tempo não passa de um outro corpo / aquecido na lama onde os pássaros se / demoram a enviuvar equívocos, onde a sonoridade ganha força e a forma se sobrepõe ao sentido, em absurda polifonia de que nos fala a poeta.
Em Gabriela Rocha Martins encontraremos sempre um lado de insatisfação, de rejeição ao poema simples, de vagamunda, de crispação e de i ensaio derivante. Porque nesta poesia-forte somos convidados ao desassossego.
            lá fora o discernimento esquece

António Ganhão ,in https://acriticoblog.wordpress.com -  Acrítico





Apresentação na Biblioteca Municipal dos Olivais - Lisboa





























numa tarde de sol ,a Biblioteca Municipal dos Olivais ( a quem agradecemos ) encheu-se de Amigos e Familiares .foi bonito .foram sentidas as palavras que rolaram .a Cristina Norton foi felicíssima na apresentação de "Poesia Nova" ,de Amparo Monteiro ,e ,a Maria João Cantinho brilhante e querida na apresentação de "a crispação de um toque a-fora o Ser" ,de Gabriela Rocha Martins .antes ,Paulo Afonso Ramos ,o editor da Lua de Marfim ,deu as boas vindas a todos os presentes .leram-se alguns poemas ,falou-se de subversão ,de construção de desconstrução ,lembrámos poetas nacionais e estrangeiros e a Poesia falou por si e por quem por ela e com ela andou vagueando por lugares e espaços .o tempo passou sem que tivéssemos dado por isso e ,no final ,um beberete foi oferecido para que o convívio também fosse outro .foi bonito .muito bonito ,repito ,e ,a vontade de dizer OBRIGADA colou-se aos meus lábios .no coração o amor a todos os SER/POESIA





Texto Matriz da Maria João Cantinho






Texto matriz - agora-a-memória .agora o sopro
 da face impressa sob a derme .depois
 o canto-do-cisne em resguardo-amansado
 pelo medo .depois um rasgo de vulgaridade

Se uma paixão pudesse dizer-se de Gabriela Rocha Martins, essa seria a da memória. Não só como exercício poético, mas como modo de guardar o canto possível, que atravessa a sua poética, em particular esta obra. O tempo que se guarda nas imagens, essa “crispação de um toque a-fora o Ser”, que dá título ao livro, é um mote ou antes uma matriz que se inscreve na escrita da autora. Desenha-se nesta cartografia um compromisso que, mais do que radical, exige a fixação de um lastro poético, de uma configuração de pontos cardiais que traçam o caminho do sujeito poético. Por isso, ela nos diz, nesse compromisso de imortalidade, que marca o arranque do livro, assim: a metáfora estigma-se no lastro/ dos Poetas/tão de manso”. A clareza do propósito enuncia-se na primeira estrofe do poema, aludindo a um legado poético que tresluz na metáfora, mas que é simultaneamente estigma ou cicatriz, e em que o poético emergisse como sinal de santidade, na esteira da poesia mística de D. Juan de la Cruz. A ideia de que o poético é também uma ferida essencial, intacta, como disse dela António Ramos Rosa. A que não se fecha, revelando a impureza do corpo, mas também a da própria linguagem, reflectindo essa contaminação essencial do sujeito que se implica ele próprio enquanto matéria poética.
Nada disto parece ser alheio à poética da autora, que assume referências explícitas e que se enovela com a escrita de Maria Gabriela Llansol. Dela é herdeira, sobretudo no modo como trabalha e opera sobre a linguagem, sem, no entanto, se colar ao texto llansoliano. É, antes de tudo, uma inspiração sobre o seu próprio texto, como lastro que confere ao poema essa espessura intertextual. Por isso, Gabriela Martins refere esse “engodo gradual”, essa urdidura que o silêncio tece na matéria, em jeito manso, mas que subverte e suspende as palavras, que as empurra contra o banal e desfaz os elos da sua familiaridade. Comecemos justamente por aí: a sintaxe, que “desarruma” a sucessão e a linearidade habitual de uma frase, levando-nos ao consolo da identificação. Versos cortados, deslocamentos sintáticos, arrojos de quem não se contenta com o verso simples e claro. A clareza, ela sim, há-de vir de um outro qualquer lugar, como uma irradiação ou uma luz imanente que nasce da metáfora. A imagem transforma-se no retábulo do tempo e da memória, em modo coagulado de Ser, como “crispação”. Esta, como sabia Llansol, jorra disso que é a “imagem-fulgor”, conceito que labora de forma latente nesta poética. Quer-se a crispação dos sentidos para que o poema seja mais, muito para além disso, que o mero exercício e jogo de palavras inócuo. A crispação nasce do avesso, já lá iremos, do adverso que suspende o óbvio e o cliché, que suspende os sentidos habituais do poema. Nasce a crispação desta outra forma de cindir o verso, de o cortar, pela pontuação inusitada, os pontos antes das palavras (ou as vírgulas), obrigando o olhar à suspensão. Porque o olhar acaba por tropeçar no ponto que antecede a palavra sem explicação, obrigando a um gesto de respiração outra, um novo modo de olhar para o alinhamento do verso e do seu sentido.
Como no poema da página 7, “Encontros com sabor a terra”, “(…) leve/. Sussurro brando arquejante brado/em adiada espera” configuram um novo ritmo a um poema que teria uma cadência fluída, não fosse a desinstalação provocada pelo ponto, obrigando a uma paragem forçada, a um silêncio e a uma suspensão da respiração, antes desse “sussurro brando”. Erótica alusão, na minha leitura, nesse poema que alude à presença da mulher e da sua nudez, na noite, ele impõe a paragem, provocando o efeito de crispação. Poema onde também se fala da mutilação de corpos, remetendo-nos para uma outra crispação, já não amorosa, mas a do seu inverso, a do ódio.
Se a ideia de crispação atravessa a obra de Gabriela Rocha Martins, ela ganha uma outra dimensão, não apenas a da imagem que coagula o instante, mas a da própria linguagem, subvertendo o poema através de deslocamentos sintáticos, que sacodem os sentidos habituais e os clichés, recusando o sentimentalismo de muita poesia contemporânea, operando por corte e suspensão, utilizando como recurso a pontuação como técnica de corte e da própria crispação da linguagem. Sob o signo da escrita de Maria Gabriela Llansol, sabe que a crispação da linguagem no poema se arroga o gesto de suspeita a tudo o que é familiar naquela, que não provoca o arrepio dos sentidos, face ao excesso que constitui a própria linguagem e que não é dizível senão no silêncio de uma outra que há-de vir. O poema é o espaço do porvir, dessa imanência que se reclama no jogo da inocência do ser. Donde as alusões à demência de Hölderlin, no poema da página 16, como essa experiência-limite de revelação da linguagem. Porque, mais do que indigência, a poesia transporta a possibilidade da revelação do ser, esse que nos aguarda na clareira do silêncio. Dessa crispação que advém de um toque e de uma contaminação do Ser-Revelação, nessa estranheza essencial e espantosa que percorre o mundo em canto celebratório. Como um magma irresistível e que acontece no poema.

Maria João Cantinho





Convite












minhas/meus queridas/os,


,porque gosto de estar entre os meus Familiares e Amigos sem imposições
,porque gosto da anarquia da palavra
,porque me quero nas metáforas e entre os meus irmãos

,convido-as/os para a apresentação do meu novo livro “a crispação de um toque a-fora o Ser”, uma láurea a Maria Gabriela Llansol, edição Lua de Marfim ,com apresentação de Maria João Cantinho ,no próximo dia 14 de Janeiro de 2017 ,sábado ,pelas 15h30 ,na Biblioteca Municipal dos Olivais ( Palácio do Contador-Mor ,R. Cidade de Lobito ,1800-088 Lisboa )
.estarmos juntas/os e trocarmos ideias vai valer a pena
.até lá
,com um beijo

Maria Gabriela