José Luís Outono - no facebook






NOVO LIVRO DE Gabriela Rocha Martins


Já passaram uns bons anos, desde o nosso conhecimento pessoal.
Foi em Silves, na apresentação do livro «A desilusão de judas» de Antonio Ganhão. Lembro-me de a ter cumprimentado muito classicamente e ter como resposta - Deixa-te de coisas, eu sou a Gabriela, tu és o Zé Luís ... tratamento informal ... OK?

Se a admiração, que já tinha como autora era enorme, naquele momento tudo se transformou. E a amizade cúmplice (como ela testemunha) em conjunto com uma estima e admiração enormes fomentaram um diálogo sempre franco, fraterno e inesquecível.

Estava ansioso, para ter nas mãos, e ler a sua última obra. «a crispação de um toque a-fora o ser ( i ensaio derivante )». Ontem, na Biblioteca Municipal dos Olivais, com sala cheia ( e mais cadeiras existissem ) o inédito da poesia da amiga Gabriela tocou-me. A edição pertence à Lua De Marfim Editora, e a apresentação e prefácio foram de uma outra autora, que igualmente muito admiro - Maria Cantinho. A surpresa da tarde, assume-se quando a Maria João Cantinho revela ter sido aluna da Gabriela. A apresentação deu a conhecer, mais um traço de uma escrita NADA fácil (como a autora afirma ) e desafiadora, como Gabriela Rocha Martins esclareceu - Eu construo as minhas palavras, para o leitor as desconstruir. Permitam-me trazer um pouco do prefácio de Maria João Cantinho:
- " Se uma paixão pudesse dizer-se de Gabriela Rocha Martins, essa seria a da memória. Não só como exercício poético, mas como modo de guardar o canto possível, que atravessa a sua poética, em particular esta obra.
.../...
Nada disto parece ser alheio à poética da autora, que asume referências explícitas e que se enovela com a escrita de Gabriela Llansol. Dela é herdeira, sobretudo no modo como trabalha e opera sobre a linguagem, sem, no entanto, se colar ao seu texto llansoliano."
Não resisto, igualmente a trazer a este recanto um pouco da recensão literária da autoria de Antonio Ganhão (in Acrítico- leituras dispersas) sobre esta obra de Gabriela Rocha Martins.
-" A folha de papel que o acolhe é uma face marcada pela vida. Aí se refugia o poema, numa geometria singular, tão intencional como um cânone, cedendo a uma métrica muito pessoal. Uma ordem imposta sobre um desassossego interior, uma metáfora do próprio processo de escrita, itinerário que desmente o excesso de clausura. A pontuação em dessintonia com o processo formal da escrita, tão presente em Gabriela Rocha Martins. Os pontos finais interrompendo o curso do poema, forçando a mente do leitor a uma pausa de respiração, quase violenta, numa forma de gerar novos significados."
Ouso confessar este episódio. Terminei a leitura do livro cerca das duas da manhã. Ao acordar, já reli algumas páginas que me marcaram, e atrevo-me a dizer...não desistas amiga. Preciso (precisamos) das tuas palavras.
Deixo expresso o convite de leitura!
JLO