Poiesis XV .xeque.mate

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-Colectânea Poiesis XV.



sem data


ouço há alguns anos o mesmo ruído de morte que devagar........ muito devagar ........persiste e dói
uma cidade........ ruas desertas........ esquálidas........ soerguidas pelo esforço das ervas........ o Castelo........ restos intactos de muralhas que hoje têm serventia turística........ escadas que conduzem a nenhures........ a torre da Sé cujo relógio recorda no toque a relatividade da vida porque a morte é como Pompeia um vasto sepulcro........ nela se enterram todos os nossos sonhos
sob a capa da vulgaridade há sonhos e dor que a ninharia........ e os comuns........ não admitem aos sonhadores
o José Júlio e o Paulo........ cada um a seu modo........ pertenciam a esta última categoria
daí a brevidade das suas vidas........ porque a ilusão do acreditar manteve-os e estimulou-os na essência dum projecto que ambos buscaram........ em excelência - ser em humanismo empenhados........ com desprendimento humorados........ com alegria amados -
no espaço de 6 meses no xadrez da vida jogaram o último lance
xeque-mate



in memoriam
”só se vê bem com o coração”
“as coisas importantes são invisíveis para os olhos”



hoje tento resistir ao inevitável e cogito
sobre a importância do invisível
Paulo em ritmo lento........ José Júlio mais acelerado........ na força........ na fragilidade........ na verdade........ nas memórias

... personificam a tríade…
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