"A 5ª Sinfonia de Malher" e "O Terceiro Elemento" surgem-me e sugerem-me sinopses para filmes. As poucas palavras deixam ao leitor-realizador espaço mental para completar a história com imagens em movimento, logo fílmicas. O uso dos espaços em branco, em vez de vírgulas, fazem de cada palavra, ou grupo de palavras, a função do "story-board" (tipo banda desenhada) que o realizador depois vai seguindo para filmar as cenas dispersas, que, depois, montará devidamente em laboratório para que a narrativa saia a preceito. Ambos os textos dariam, a meu ver, curtos filmes muito intimistas. Com a "5ª Sinfonia de Beethoven" (que ouço até à exaustão) o caso já é mais complicado, porque, quando o cinzento se abre ao imaginário só um filme de animação aguentaria descrição tão onírica, ou surreal, até acabar, em imagem bem real, numa dança nua e solta no limite do cansaço. É bonito! O poema final, que já conhecia, parece-me que lhe fez qualquer alteração, porque gosto mais dele agora. Aliás foi da primeira parte que lhe fiz um gostoso fotopoema.
Já viu porque não reagi logo ao contacto físico do livro? Há coisas que têm de ser bem digeridas.
-Augusto Mota