apresentação de "artroses nozes e vozes (com)sentidas ,em Albufeira






em Albufeira 
,no Restaurante Cepa Velha
( apresentação de Manuel Santos Serra )




fico sem palavras quando ouço falar sobre mim ,e ,tecer algumas ,sobre aquilo que escrevo ,não é fácil ,porque ,escrevo ,tão naturalmente ,quanto vivo e/ou respiro
permitam-me ,no entanto ,algumas prévias palavras de agradecimento
primeiro ao Dr. Manuel Santos Serra que teve a amabilidade de ,sem me conhecer e  à minha escrita ,aceitar o desiderato de tecer alguns considerandos sobre “artroses nozes e vozes (com)sentidas” .em segundo lugar ,aos donos do Restaurante ,”Cepa Velha” que ,com um sorriso nos lábios ,têm tido a paciência de nos ouvir .e ,finalmente à “Lua de Marfim ,Editores” e ,ao meu queridíssimo amigo/editor ,Paulo Afonso Ramos que ,pacientemente, atura as minhas loucuras e os meus desvarios ,o que não é tarefa fácil
a todos ,repito ,o meu bem haja

há alguns anos ,quando publiquei o primeiro livro ,alguém perguntou-me o que os livros representavam para mim .na altura ,disse que não sabia ,o que era um facto .todavia ,quando ,há poucos meses me voltaram a questionar ,respondi que os meus livros ,assim como os meus blogues ,mais não são do que a minha efémera passagem para a imortalidade .demasiada presunção ,pensarão muitos .não ,não é .antes o simples facto de que
temo a morte
não quero morrer .gostaria de ser imortal ,mas ,como tal não é possível ,os meus escritos ,mais não são ,do que o meu prolongamento .o que de mim restará ,quando Hades me chamar .sim ,porque ,quer queira quer não ,um dia ,terei de partir .então ,que algo perdure - os meus livros ,os meus blogues ,em suma ,a minha escrita

sou ,na esteira do António Lobo Antunes ,alguém que pensa que todos nós ,apesar de ,logo à nascença ,carregarmos o nosso esquife ,nascemos para viver .e devemos fazê-lo com toda a lucidez ,alegria e intensidade .os meus livros são ,tão só , prova disso mesmo

mas ,regressando à pergunta inicial .concretamente ,o que representa este livro para mim?
“artroses nozes e vozes (com)sentidas” é a projecção das minhas mãos ( porque é com elas que teclo ) ,dos meus dedos e ,também ,um pouco da minha cabeça .um pouco ,não ,muito! o suficiente para tentar conduzir as palavras ,essas “meninas” que brincam comigo e com as quais tenho uma relação uterina de uma tal cumplicidade que ,às vezes ,consigo transformá-las num texto coeso .outras ,permanecem intransigentes ,como quem ,à semelhança de José Régio ,e ,no meio de uma tremenda gargalhada ,se afirma.–“ não ,não vamos por aí… vamos ,por onde nos conduzem os nossos próprios passos” .que fazer? nada .então ,rendo-me às evidências e retiro-me ,em paz com os deuses ,pedindo-lhes licença para iniciar uma nova brincadeira
e ,assim ,AS PALAVRAS voltam a brincar umas com as outras ,a correr de um lado para o outro ,a zangarem-se ,a fazerem as pazes ,a irritarem-se ,e ,finalmente ,quando cansadas e fartas de andar a correr de um lado para o outro ,a deixarem-se dominar .é nessa altura ,que o livro nasce
foi o que aconteceu com “artroses nozes e vozes (com)sentidas”

dizem–me ,agora ,as palavras ,na cumplicidade que nos une ,que é tempo de terminar este texto
obediente ,fá-lo-ei .mas ,antes ,permitam-me acrescentar-vos um

muito obrigada!